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UM ALMOÇO E SUAS CONSIDERAÇÕES
Josias Germano resolveu almoçar no centro de São Paulo, uma vez que pela tarde tinha uma reunião na R. Barão de Itapetininga… como estava um calor insuportável, ele optou por comer salada e sushi em um restaurante na R. Direita… geralmente o nosso protagonista não gostava de culinária japonesa em restaurante por quilo, mas naquele local a comida era bastante honesta, embora não fosse genial…
Josias Germano se dirigiu à R. Direita, no quarteirão entre o Largo do Patriarca e a R. Quintino Bocaiúva e não encontrou o restaurante… achou então que a casa ficasse na R. da Quitanda, mas também não era lá… então voltou à R. Direita e rememorando mais profundamente a arquitetura do restaurante descobriu que ele tinha se transformado em uma loja de sandálias… conversando com a atendente descobriu que tal comércio havia sido inaugurado há apenas uma semana…
O jeito foi ir ao velho e tradicional Restaurante Itamaraty, na R. José Bonifácio defronte ao Largo de São Francisco… ao entrar o capitão (*) abriu a porta para ele, que se lembrou que seu avô ia lá diariamente, e então ficou fazendo contas para tentar adivinhar se aquele funcionário havia algum dia aberto a porta para seu avô…
Sentou-se na mesma mesa, chamou o garçon pelo nome e escolheu primeiro a tradicional empadinha, depois um rosbife com salada de batatas, para beber água com gás…
No intervalo entre a empada (tão tradicional que só tem de palmito) e o prato principal, Josias Germano então pensou em outros restaurantes que fecharam no centro, bem mais tradicionais que o referido quilinho-japonês… se lembrou da leiteria Americana onde sua tia-avó Quepitas o levara para comer sundays & banana-splits em meados da década de setenta… leiteria que também servia cerveja, como naquela memorável noite em meados da década de noventa, em que foram comemorar a abertura da exposição de arte que o nosso protagonista realizou com Sávio Cacciaccinni, Sancho Ruiz Maldini, Alfeu Doaragna, Juliana Dilgorzi e Miraldo Xavier, naquela passagem após o viaduto do Chá sob a R. Xavier de Toledo (que hoje se encontra fechada)… naquela noite o famoso artista Maurício Nogueira Lima foi na “avernissagem” (*) e depois rumou com eles para tomar umas cervejas na Leiteria Americana…
Josias Germano acredita que a presença daquele ilustre pintor em sua “avernissagem” é um dos troféus que irão aparecer em sua biografia (se esta for um dia escrita, é claro)…
O nosso protagonista se lembrou então nos painel de Nogueira Lima no Largo de São Bento e nas pinturas do artista amigo nas escadas da Estação São Bento do Metrô… pensou então no painel de Tomie Othake na R. Xavier de Toledo e voltou a suas recordações aos restaurantes que já não existem mais…
Lembrou do Lírico que ficava na R, Líbero Badaró, do Carlino que começou na R. São João, mas que depois foi para a R. Vieira de Carvalho… pensou no Gigetto que começou na R. Nestor Pestana, mas que Josias conhecera na R. Avanhandava, e por sinal já não funcionava mais lá (dizem que vai reabrir)…
Ele então pensou em locais em que nunca estivera, mas que sempre sonhou conhecer… lugares que ele iria se existisse a máquina do tempo… lugares como a Cervejaria Franciscano na R. Líbero Badaró onde Mário de Andrade tomava seus chopps, o Salada Paulista na R. Ipiranga, no Jequiti-bar na R. 24 de Maio, na Salsicharia Dois Porquinhos na Av. São João, no bar do Hotel Esplanada na Praça Ramos da Azevedo, na Choperia Heidelberg (que teve que mudar de nome para Choperia Harmonia) na R. Xavier de Toledo, no Nick Bar (***) na R. Major Diogo (vizinho ao Teatro Brasileiro de Comédia)…
Ficou imaginando que com a invenção da máquina do tempo, a indústria do turismo iria abocanhar este filão de mercado: “Ouça Dick Farney tocando no Bar Simpatia na R. Xavier de Toledo no final da década de 40”, “Conheça os bares da Vila Isabel que Noel Rosa freqüentava” seria o anúncio de uma agência de turismo no tempo… então ele imaginou Noel Rosa horrorizado com o enorme fluxo de pessoas com roupas estranhas que começaram a aparecer nos botecos que ele tanto gostava e então o sambista da Vila iria comentar com seus parceiros de samba:
“- Este pessoal que começou a aparecer é muito estranho… vamos fugir para os bares do Estácio…”
Josias Germano abençoou então a (ainda) inexistência da máquina do tempo “ – Imagine a muvuca que seria a Semana de Arte Moderna com hordas de intelectuais oriundos das décadas futuras aborrecendo os modernistas.”
No caminho entre o Largo de São Francisco e a R. Barão de Itapetininga ele se lembrou de uma matéria que lera sobre o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, no qual este afirmara que a partir de 1500 D.C. acabara o mundo para os índios de Pindorama… mas que apesar disto, muitos séculos depois ainda sobraram algumas aldeias indígenas… e que com a classe burguesa está acontecendo o mesmo… que seu mundo está acabando… que durante muito tempo ainda existirão bons restaurantes e lugares bonitos, mas que seriam lugares totalmente isolados, sem qualquer vínculo com o entorno degradado pela histeria consumista….
O nosso protagonista pensou, pensou e pensou… tudo isto em uma fração de segundos… e concluiu que pessoas como ele já não tinham lugar nesta cidade infestada de crakeiros, nóinhas, emboabas, moderninhos, mauricinhos e patricinhas… que lugares como o Itamaraty irão permanecer por muitos anos, mas serão com as atuais aldeias indígenas… algo totalmente alheio e anacrônico… e então começou a comer o rosbife…
Após o almoço, chegando na esquina da Praça do Patriarca com a R. Líbero Badaró virou à esquerda em direção a um sebo que fica no meio do quarteirão… e lá comprou um livro editado em 1935 pela Companhia Editora Nacional: “O Selvagem: Curso de língua Tupi viva ou Nheengatú” – Bibliotheca Pedagógica Brasileira – Série V “Brasiliana” Vol . LII – escrito pelo Gen. José Vieira Couto de Magalhães.
Então rumou para a R. Barão de Itapetininga, onde outrora funcionaram a Confeitaria Vienense e a Confeitaria Seleta…
(*) Capitão é o nome que damos àquele porteiros com quepe e jaqueta (podem usar luvas brancas também) que abrem as portas para a gente nos restaurantes e hotéis…
(**) O termo “avernissagem” foi criado pelo músico e filósofo Sidney Molina, que é um neologismo com as palavras vernissage e aterrisagem.
(***) O nome Nick Bar vem da tradução da peça “The Time of Our Life” de William Saroyam quem em terras pindorâmicas passou a se chamar “Nick Bar… Álcool, Brinquedos e Ambições” e foi encenada em 1949 no TBC…. posteriormente Garoto e José Vasconcelos iriam compor “Nick Bar”, sucesso na voz e piano de Dick Farney.
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