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CANTOR DE TANGO

Acabei de ler “O CANTOR DE TANGO” de Tomás Eloy Martínez ( Companhia das Letras ) . O livro conta a estória de um pesquisador americano ( Bruno Cadogan ) que vai até a capital platina atrás de um cantor de tango lendário ( Julio Martel ) , que embora cantasse melhor do que Gardel nunca gravara um disco e se apresentava sempre nos locais mais insólitos.
O ianque que também aprecia a obra de Jorge Luis Borges se hospeda em uma pensão onde pode estar o “aleph” ( pequena esfera de vidro na qual pode-se contemplar toda série de eventos que ocorreram , ocorrem e irão ocorrer no universo ).
Como vocês podem observar a idéia é muito boa , mas algo soa um pouco artificial no livro : o protagonista não parece um americano , ou seja transparece que o autor é argentino … se por um lado Cadogan repara minuciosamente na geografia e nos tipos humanos da cidade , por outro passa longe de comportamentos portenhos que dificilmente um estrangeiro iria deixar de reparar . Também há o fato de que não há dados circunstanciais verdadeiros sobre músicos de tango que, se fossem misturados a estória fictícia de Martel, poderiam acescentar mais substância à trama (se houvesse , por exemplo , referência a alguma apresentação de Martel acompanhada de algum nome famoso , como Anibal Troilo , Argentino Ledesma , Osvaldo Pugliese , etc ) .
E para finalizar acabo de descobrir que Julio Martel , não só existiu como gravou … Eu mesmo tenho uma gravação dele cantando “La Novia Ausente” (E. Cadícamo – G. Barbieri ) acompanhado de Alfredo de Angelis e sua orquestra ( Coleção Los Clássicos Argentinos volume 21 – Diário Notícias ) … ou seja até eu , um simples artista plástico nascido em Pindorama , que que nunca publiquei um livro , que nunca escreveu para O Estado de São Paulo , nem para o La Nación , nem para o El País e muito menos para o The New York Times , conheço mais tango do que este argentino de araque … que absurdo !!!

P.S. : Tomás Eloy Martínez fecha livro com o segunte escrito : “Com exceção de Jean Franco e Richard Foley , todos os personagens deste romance são imaginários, mesmo aqueles que parecem reais.”

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