Skip to content

Li recentemente “POEMA SUJO” que o grande poeta maranhense escreveu em Buenos Aires em 1975, enquanto estava exilado… fiquem com um fragmento:

“É impossível dizer
em quantas velocidades diferentes
se move uma cidade

a cada instante
(sem falar nos mortos
que voam para trás)
ou mesmo uma casa

onde a velocidade da cozinha
não é igual à da sala (aparentemente imóvel
nos seus jarros e bibelôes de porcelana)
nem à do quintal
escancarado às ventanias da época

e que dizer das ruas
de tráfego intenso e da circulação do dinheiro
e das mercadorias
desigual segundo o bairro e a classe, e da
rotação do capital
mais lenta nos legumes
mais rápida no setor industrial, e
da rotação do sono
sob a pele,
do sonho
nos cabelos?”

(Ferreira Gullar)

Post a Comment

Your email is never published nor shared. Required fields are marked *