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Citação do dia : “De gustibus est disputandum . Mesmo quem está convencido da incomparabilidade das obras de arte , ver-se-á continuamente envolvido em debates nos quais as obras de arte – e obras de arte de altíssimo nível , portanto ainda mais incomparáveis – são comparadas entre si e avaliadas uma em comparação com a outra . A objeção levantada contra considerações desse gênero , que surgem com uma necessidade característica , é que se trataria de instintos de mercador , do gosto de medir braços . Na realidade , o sentido da objeção é quase sempre outro , a saber : que os burguese sólidos , para os quais a arte nunca será suficientemente irracional , gostariam de manter longe das obras de arte a consciência e a aspiração à verdade . Mas o impulso que leva necessariamente a essas considerações já está presente nas próprias obras . Elas não são comparáveis é verdade , mas querem se destruir mutuamente . Não é por acaso que os antigos reservaram o panteão do conciliável aos deuses ou às idéias , enquanto que obrigavam as obras de arte a um embate recíproco : uma inimiga mortal da outra (…) Pois se a idéia do belo se apresenta subdividida e dispersa nas várias obras , cada uma entende incondicionalmente a realidade da idéia , pretende a beleza por si só na sua unicidade e não pode permitir essa visão sem anular a si mesma . Una , verdadeira , despojada de toda e qualquer aparência , livre de tal individuação , a beleza não aparece na síntese de todas as obras , na unidade das artes e da arte , mas – material e concretamente – no ocaso da própria arte . Toda obra de arte visa este ocaso , na medida que deseja a morte de todas as outras . Que em toda arte se tenda a seu fim , é outro modo de dizer a mesma coisa . Esse impulso de autodestruição , que é a aspiração mais profunda de todas as obras de arte , é o que provoca sempre , de novo , as diabrites estéticas em aparências tão inúteis .”

( T. W. Adorno )

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