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A citação do dia vem de um livro de um californiano filho de armênios chamado William Saroyan publicado pelo meu avô em 1947, leiam:

PRECE COMUM

As planuras, Senhor, todos os silêncios da mente, os corredores perdidos, os pilares, os lugares por onde caminhamos, os rostos que vimos e as vozes das criancinhas. Mas acima de tudo, os hieróglifos, a santidade, a figura talhada de pedra, a linha tão simples, a nossa linguagem, a curva articulada, digamos, da folha, do sonho e do sorriso, a mão que tomba, os membros que se tocam, amor de universos, nenhum temor à morte e alguma nostalgia. Sim, e a luz, nosso sol, Senhor, e o sol de homens desconhecidos, as manhãs perdidas no tempo de gigantes e pigmeus em toda parte, um homem chamado Bach, outro chamado Cezanne e os outros, de nomes perdidos, as multidões agora se reúnem em uma única, anônima, nosso rosto, o lamento de multidões anônimas, nossa forma, estatura, homens caminhando sob a luz, em muitos lugares, para começar na Ásia, Europa, África, e através do mar fluido da mente, Atlântico, rumo oeste para este lugar, América, os fuzileiros navais em parada, o sorriso do pálido Wilson, liberdade para a Lituânia, viva a Polônia, e os condados do Texas, melancias e miséria, nossas graças a vós, oh Senhor. Também para os numerais para que se possa arquivar a nossa dor em fichas: um para tristeza, dois para dor, três para a loucura e mil e dez mil e o reconhecimento da eternidade, anos alegres, a barba de Darwin, digamos os olhos de Einstein, presumamos, os dedos do grande pianista polonês e assumamos todas as coisas numericamente, a riqueza de Ford, de Mellon, a miséria de – pensemos em um nome digno – de Pound, digamos, ou ainda, do desconhecido, do jovem anônimo do Município de Clay, em Iowa, sozinho, sentado, escrevendo histórias para Deus e para o Saturday Evening Post – isto é, a idéia da coisa, o anonimato do horror, a solidão, esperando pela fama e uma breve nota, você, o nome, meu rapaz, você é famoso, um conto publicado no Post, graças, oh Senhor!

( William Saroyan – tradução: James Amado )

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