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Aqui vai mais uma reportagem sobre o meu avô o editor José de Barros Martins… Segue um texto publicado no Jornal Folha da Manhã em 23 de Novembro de 1952 (sexta-feira), sobre umas das recepções que eles faziam para os intelectuais da época. Nesta o convidado ilustre foi o sambista Almirante.

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O casal Edgar Cavalheiro e Almirante

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Túlio Lemos, José Antônio e José de Barros Martins

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Mário da Silva Brito e Lucia Machado de Almeida

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Sérgio Buarque de Holanda e Diná Coelho

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José Fernando e Edite de Barros Martins, Zita Cintra Gordinho e Pedro Antônio de Oliveira Ribeiro Neto

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Mário Donato e sras. Isolina Portugal e Ariel Faria

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Antônio Joaquim de Almeida, diretor do Museu de Ouro de Sabará, em palestra com Mário Cintra Gordinho

CINQUENTA ANOS DE SAMBA – ALMIRANTE VEIO DO RIO E O CASAL JOSÉ ANTONIO DE ALMEIDA, DE MINAS

“Que linda rosa!
Que lindo jasmim!”

A farandula notífaga cercou o automóvel de Almirante e foi cantando a letra ingênua… Horas passadas, o próprio Almirante contara o nascimento daquela canção. Carnaval do Rio em 1902. Dois blocos rivais haviam se encontrado em Botafogo. Os homens fantasiaram-se de diabos e tinham pedaços cortantes de pontas de navalha nas caudas. As mulheres seguiam com o arsenal bélico: facões, garruchas, etc. E do embate resultaram duas mortes. Depois, fora o enterro de um dos foliões. Os amigos vinham dos subúrbios, fantasiados. Era segunda-faira de carnaval e não haveria tempo de mudar a roupa para prosseguir nos festejos de Momo. O grupo seguia o defunto e cantava, em refrão fúnebre e ingênuo, a composição feita especialemnte para a circunstância.

“Que linda rosa…”

Acontece que o carnaval foi mais forte que a morte, ou por outra carnaval e morte hibridaram-se no que hoje é uma constante no psiquismo do nosso povo. E o refrão fúnebre foi perdendo suas essenciais características de ritmo e ganhando alento desenfreado de desenfreada euforia…

Sim, naquela sala de Zé de Barros Martins que a solicitude e o encanto de Edite tornam sempre lugar propício encontro de amigos, Almirante falara e ilustrara cinquenta anos de carnaval carioca. Um cavaquinho e um violão auxiliaram-no. Em torno havia prata da casa e de fora também. Lá estava o casal Antonio Joaquim de Almeida. Lucia Machado de Almeida viera para assistir ao lançamento de seu livro “Passeio a Sabará” que saiu em cuidadosa edição da Martins com ilustrações de Guinard.

Estavam presentes os casais Edgar Cavalheiro, Luís Lopes Coelho, Mário Cintra Gordinho, Sérgio Buarque de Holanda, José Geraldo Vieira. As sras. Ariel Faria, Isolina Portugal e Marianinha Seabra. Os srs. Mário da Silva Brito, Túlio de Lemos, Mário Donato, Aché Ribeiro Neto e Pedro Antônio de Oliveira.

Segundo a tradição da casa de José de Barros Martins, a festa foi até às 6 horas da manhã. Nas brumas da madrugada, o carro que levava Almirante, fosse pela sugestão do seu pseudônimo ou pelo excesso de música, mais lembrava um barco a se afastar lentamente do porto…

(Helen)

Folha da Manhã 23 de Novembro de 1952

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