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DIÁLOGOS PERTINENTES

Neste domingo fui na exposição DIÁLOGOS PERTINENTES ( FAAP – R. Alagoas , 903 – Higienópolis – São Paulo / Terça a sexta : 10h – 21h , Sábados e domingos ; 13h – 18h – até o dia 10/08 ) na qual Monica Schoenacker , Dora Longo Bahia e Sandra Cinto dialogam com suas alunas da faculdade retro-mencionada… Se a proposta da mostra é mostrar uma relação dialética entre as artistas-professoras e suas jovens pupilas , creio que só o núcleo dirigido por Monica Schoenacker congrega a unidade necessária para demonstrar uma empatia concisa entre professor & aprendiz … os outros núcleos estão mais para conversa de autista … talvez esta impressão deva-se a colocação de um texto explicativo com densidade e substância , escrito por Monica , enquanto que o núcleo de Sandra Cinto não possui texto ( ou se possui , eu não vi ) e o texto de Dora Longo Bahia é de um primarismo tamanho que acaba até refletindo a proposta de suas alunas ( aí , até que houve um diálogo … )

No núcleo de Sandra Cinto o destaque é Loryen Bessa , cuja poética onírica desenhada com capricho de traços à lapis , remete a um espaço trancendente no qual rostos flutuam entre frases contendo palavras mágicas : senhas para a imersão do espectador no âmago da obra … gosto de quem sabe desenhar , pois sempre acharei que um(a) bom(a) artista começa por um(a) bom(a) desenhista , embora pessoas como Pollock , consigam me provar que isto é preconceito…

Temos ainda Marcela Tiboni , cuja proposta de mostrar auto retratos fotográficos bebendo a tinta dos quadros que escorre , estaria melhor inserida , se a proposta fosse um diálogo com o filme “O Bandido da Luz Vermelha” , no qual há uma cena em que o bandido ( interpretado por Paulo Vilaça ) tenta se matar bebendo tinta-a-óleo de uma lata e mancha o corpo com a tinta preta …

No núcleo de Dora Longo Bahia o destaque são os dois quadros da própria , que seriam belíssimas pinturas abstratas em tons avermalhados e que são estragados pela inserção das palavras CRÂNIO E MORTO escrita em caracteres de pichadores ( será a estética do Capão Redondo imaculando a beleza cromática dos locais chiques ??? )

Chegando ao núcleo de Monica Schoenacker , deparamos com uma obra denominada “Alcoólicos Anônimos” na qual a repetição de um paisagem de um letreiro escrito BAR impressa sobre tábuas-de-carne , com as devidas alterações cromáticas e da disposição das letras ; cria uma referência à montagem cinematográfica ( espécie de quadro-a-quadro ) e revela o caráter cíclico embuído no título da obra … Como costuma a ocorrer com as obras de Monica, o uso adequado da cor enriquece o conjunto da obra …

De suas pupilas gostei mais do trabalho de Patrícia Pomerantzeff , que fotografou desenhos formados pela espuma do mar , que parecem silhuetas de montanhas … lembrei de uma canção de um recém-adquirido CD de Jovem Guarda argentina : “Espuma de Mar” ( Bernardo Mitnik ) interpretada por Chico Navarro …

Daniela Cury fez um belo auto-retrato em que a múltipla repetição de imagens justapostas de um rosto estilizado em tons de cinza , cria um efeito ótico que remete a considerações sobre o significado da identidade pessoal … há também uma obra entitulada “Álbum de Casamento” que ao meu ver , como todo album de casamento ( seja real ou fictício ) , só deveria ser exposta a amigos e familiares …

Por fim , há a obra : “Lençóis” de Ana Sílvia Mazzei em que figuras masculinas são impressas sobre lenços descartáveis , mostrando o caráter transitório e fugidio das relações carnais …

Quanto as outras obras , mostrando verminoses sobre a pele , ensaios de banda de rock , gilettes e coisas assim , prefiro me calar …

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