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A CIDADE E AS SERRAS – Eça de Queirós – Editora Nova Cultural

Nada como ler este livro após a leitura de Schopenhauer… a crítica que o escritor português faz da filosofia pessimista é impagável… Nesta obra Eça zomba dos excessos tecnológicos, do falso refinamento cultural e da afetação gatronômica, enaltecendo a simplicidade da vida rural… Uma das coisas que mais admiro em sua literature é a descrição dos vinhos e dos pratos… vejam esta passagem na qual Jacinto, um português endinheirado que vive em Paris, resolve pedir para seu cozinheiro preparar um arroz-doce, e o chef de cuisine prepara o que nos dias de hoje seria um “arroz-doce gourmet”… veja como as palavras de Eça de Queirós ainda são atuais:

“Mas quando o arroz-doce apareceu triunfalmente, que vexame! Era um prato monumental de grande arte! O arroz, maciço, moldado, em forma de pirâmide do Egito, emergia de uma calda de cereja e desaparecia sob os frutos secos que o revestiam até o cimo, onde se equilibrava uma coroa de conde feita de chocolate e gomos de tangerina gelada! E a iniciais, a data tão lindas e graves na canela ingênua, vinham traçadas nas bordas da travessa com violetas pralinadas! Repelimos, num mudo horror, o prato acanalhado.”

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