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É PERMITIDO FALAR SOBRE TANGOS EM SETE DE SETEMBRO ???

Na presente data : O Dia da Independência , eu deveria enaltecer o sol da liberdade em raios fúlgidos , o morro do engenho , as selvas , os cafezais, o símbolo augusto da paz as praias sedosas , as montanhas alterosas , os verdes mares de norte a sul , a imagem resplandecente do cruzeiro do sul , etc … porém como não sou um filho ingrato , falarei sobre um programa ( o primeiro de uma série de quatro ) de tangos , escrito por ninguém mais , ninguém menos que a minha mãe …

Pois é , estréia hoje a série TANGO EM QUATRO TEMPOS na Rádio Cultura FM ( 103,3 Mhz ) , que será exibida às terças-feiras , às 21 horas com reprises aos sábados às 9 horas … Ouçam !!!

Aqui vai um texto explicativo :

“O tango sempre foi para nós uma referência musical. Desde nossa infância, nos longínquos anos de 1940, as programações radiofônicas e, principalmente, os acetatos em 78 rotações conformavam nossos hábitos e preferências musicais. E aí sempre esteve presente a música argentina. Muitos tangos e algumas milongas e valsas.

Naquela São paulo pacata e civilizada, com 2 milhões de habitantes, residências com portões abertos, passeios a pé na madrugada calma da Avenida Paulista, bondes, casas de chá, paletó e gravata, a música também era outra. Especialmente a latino-americana: boleros, tangos e rumbas. As grandes “típicas” argentinas de Canaro e Troilo. A voz de Gardel ainda ressoando por sobre os escombros do avião incendiado em Medelin. Libertad Lamarque e Tita Merello. E os sucessos surgindo, magníficos, nas composições de Mores, Cadícamo, Discépolo, Contursi e nas letras refinadas de Homero Manzi.

Depois veio o conhecimento de Buenos Aires e o imediato acumpliciamento com a cidade charmosa e labiríntica.

Na busca por sua música, a perfeita identificação da grande metrópole. No ritmo 2 por 4 ou 4 por 4 estava encravada a vida febricitante do povo com seus dramas suburbanos, suas farsas, suas comédias e tragédias. E exposta como fraturas em raio-x a própria geografia da cidade. O Sur, Balvanera, Ponte Alsina, Suipacha, Esmeralda, Corrientes, Chacarita, Boca, Almagro Once, Belgrano …

Os tipos boêmios que desfilam pelos cafetins, pelos cabarés, pelos teatros e pelos bailongos. Os chorros os estafaos, os compadritos, os prontuariados – todos movendo-se nas noites salpicadas de drogas e perfumadas pelas muñecas de alto e baixo cachê.

Radioscopia profunda e panorâmica de horizontes apenas pressentidos, o tango nos fez conhecer um povo e sua cidade. Com a linguagem própria do lunfardo. Com a impostação melódica e poética absolutamente única e inimitáveis. E esse repertório, sempre agregando valores, modulou nossa juventude e maturidade.

Hoje, outoniços, o tango é já um eco de nossa vozes, o ritmo prazenteiro de alegrias desfrutadas , a melodia sismográfica de nosso mpa sentimental. E as letras de nossas próprias vidas.”

( Edith Maria Ribeiro de Barros Martins e José Fernando de Barros Martins )

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