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RUMO AO PARAÍSO

– Mudo daqui uns dias do bairro de Moema para o bairro do Paraíso … novos mares , ares , aventuras , bares e restaurantes onde as pessoas falam francês e se come salada de rúcula , alface , cenoura e abacate acompanhando uma alheira … de sobremesa : toucinhos do céu ( o doce preferido do bairro , que aliás , se chama Paraíso ) .
– Ouço várias coisas do disco “A minha Cara” do titã Sérgio Brito ao som cubano “Raúl Planas & Rubén Gonzales” passando pelo Trio Esperança com arranjos de Severino Araújo … bem interessantes são as participações do Trio Irakitan no disco de Gregorio Barrios ( “Farolito” ) e de Bocato no disco de Lanny Gordin ( “Cinema Nacional” )
– Finalmente fui ver “Closer – Perto Demais” de Mike Nichols … não achei tão bom assim … é curioso que os três últimos filmes que vi , possuem personagens que são escritores … os outros foram “Entre Umas e Outras ” e “Antes do Por do Sol” … no primeiro os personagens são mais aprofundados do que em “Closer” enquanto que o segundo tem diálogos melhores do que em “Perto Demais”.
– Leio vagarosamente “Finnegans Wake” de James Joyce , mas para variar um pouco , leio “Torquatália ( Geléia Geral )” de Torquato Neto , organizado por Paulo Roberto Pires … lá estão os artigos que o piauiense escreveu no Jornal dos Sports em 1967 … lá vemos um Torquato mais otimista ( acreditando em um movimento a ser deflagrado na música de Pindorama ) , porém um pouco reacionário , como em algumas vezes em que elogia Flávio Cavalcanti ou condena a Jovem Guarda … ( Depois em 1971 ele retornaria à imprensa com a coluna Geléia Geral , no jornal Última Hora em um estilo muito mais refinado , influenciado pelos concretistas )… Enfim , o livro conta muita coisa da época : porque é que em 1967 os nossos melhores artistas participavam do Festival da Record em vez do Festival Internacional da Canção ( TV Globo ) ??? Assistia estes festivais na TV em preto e branco quando era criança …
– Na verdade não estou indo , mas voltando ao Paraíso , onde morei da metade para o final dos anos sessenta ( quando assistia na TV os supracitados festivais )… lembro-me que passeava na Rua Tutóia e achava bacana ver tantos soldados ( alguns até com metralhadora ) , pois não sabia que o que acontecia na época ( nesta rua estava situado um centro de tortura ) … a Av. 23 de Maio ainda não existia , era só terra … a ditadura acabou , muita coisa mudou , mas algo do bairro sempre permanece …

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