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{ Tag Archives } família

Em dois de março de mil novecentos e nove, ou seja a 100 anos, nascia meu avô paterno José Vitalino de Barros Martins: o adolescente que falava latim durante as refeições aos dez anos de idade, o herói da revolução de 1932, o fundador de um império literário denominado Livraria Martins Editora (que publicou Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Vilém Flussler, Oswald de Andrade, Graciliano Ramos, Menotti Del Picchia, Jorge Mautner, etc.), o homen que bebia Romanné Conti, o grande conhecedor de sambas antigos, um grande avô e uma adorável pessoa …
No início dos anos oitenta ele me chamou uma tarde e me deu um pedaço de papel cartão , onde escrevera a mão o texto abaixo :

HOMENAGEM A SÃO VITALINO
no
REINO DE SÃO PAULO
no
ANO DO SENHOR DE 2080
na
CAPITAL DO REINO

SÃO VITALINO (SANTO E MÁRTIR)
Viveu no século XX , sendo o segundo santo paulista . Sua canonização deu-se após a elevação ao culto de Santo Adhemar , o santo do povo, isto é , o primeiro populista elevado a essa glória . Dedicou sua vida ao apostolado da cultura , procurando alfabetizar os escritores da então República do Brasil , na qual ainda estava integrado São Paulo . Sofreu , com grande estoicismo e martírio nas mãos ( ou nas contas ) dos banqueiros e financeiros (!) de sua época .

Programa das homenagens em honra de
SÃO VITALINO
Em 2 de março de 2080 .

1) Leitura em praça pública da virtuosa vida do santo , que apesar de martirizado pelos poderosos de seu tempo, recusou-se sempre a ingerir vinho do Brasil ou whisky engarrafado nesse país .
2) Sermão alusivo a data por Don José Henrique de Barros Martins , tataraneto do santo e bispo de Trabiju .
3) Solene Te Deum , a ser cantado na catedral paulista , tendo sido escolhido o de autoria de Hector Berlioz , apresentado pela primeira vez em Paris no ano de 1855 em Saint-Eustache . O conjunto encarregado dessa apresentação é composto por 900 figurantes orquestrais e um coro de 600 vozes . Escolheu-se este hino de graças em relação a modéstia do santo , sempre demonstrada em vida .
4) Inauguração solene da Nova Praça da Sé , que totalmente reformada e moldada ao espírito do santo , receberá o nome de Largo do Vitalino , santo e mártir .

Todas as solenidades serão presisidas por Don Lenine Evaristo Kossakov Cardeal Primaz do Reino de São Paulo .

Obs. : Pede-se a todas as pessoas que utilizarem asas plásticas ou metálicas para seu transporte pessoal , guardá-las no Asário Público no novo Largo do Vitalino .

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“Nenhuma emoção é mais forte do que entrar no quarto da mulher que dorme.”

( Antônio Maria )

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O JEITINHO DELA

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Cada barril desses contem um ano de namoro repleto de ótimos momentos, quatro deles já estão vazios, mas acho que o estoque vai dar para o gasto …

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MARIA OLÍVIA E A LABRADORA CANELA

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Cerca de uma ano, mais precisamente dia 09/02/2007, publiquei um auto retrato com a Maria Olívia … mas na verdade nunca gostei do resultado … Hoje, publico uma nova versão, ao meu ver, mais feliz …

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O SORRISO DELA

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O ROSTINHO DELA !!!

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Citação do dia :

DONA ENGRÁCIA E O JAPONÊS

O Lixo não estava corretamente posicionado na calçada, o que causou inúmeros transtornos naquela tarde gris, para desagrado de todos os que por ali passavam. O Visconde a tudo assistia impávido, colosso e silenciosamente, como, de resto, era do seu feitio, esquecido que estava de rios, montanhas, cafezais e fazendas, O trem se perdia no horizonte entre nuvens de fumaça e poeira. Todos entendiam. Estava aberta, desde maio, a temporada de caça à raposa, aquele canídeo tão requisitado nas mais aristocráticas rodas sociais da época. Foguetes espocavam ao longe entre o casario perdido na serrania. Os jornais noticiaram todos os fatos e foi um escândalo como de há muito não se tinha notícia. Ao final, o que se soube foi que o japonês tinha viajado para Arapongas pra comprar um caminhão de cebolas de Guarapuava como acabou, de fato, comprando. Ocorre, porém, que, para desgosto do vendedor, um tal de Dondinho, picareta de marca maior, o japonês pagou com um cheque sem fundos. Foi a partir daí que tudo se complicou. O sogro da moça não gostou e foi falar com o doutor Deocleciano, que na época respondia pelo II/fOplI-2, sub-região 4, o qual ficou de adotar as medidas cabíveis. O medcânico (um médico que entende de mecânica) atestou que o caso era de diferencial empenado o que exigia uma internação em oficina especializada em desempenamento de diferenciais. É claro que o acontecido resultou em sérios atritos entre o Gualberto e o Juvenal, irmãos que de fraternos pouco tinham. A arma do crime nunca foi encontrada embora a autoridade de plantão tenha aberto rigoroso inquérito para apurar tudo, até as últimas conseqüências e duela a quiém duela. Ledo e Ivo engano, Limitaram-se a apagar a luz difusa do abajur lilás e tudo acabou em lasanha de brócolis, como sempre acontece em casos que tais. Entrementes, na primeira semana do mês de maio, o mês das rosas, das noivas, dos namorados, da independência e da santa quaresma com suas auspiciosas reflexões evangélicas a nave espacial partiu rumo ao desconhecido. Levava no seu bojo as esperanças de toda a humanidade ao sul do paralelo 38, do lado esquerdo de quem entra, segunda porta à direita, ao lado do guichê do protocolo. Dona Nédia adiantou que não queria nem saber, mas tudo com muita educação e usando palavras meigamente insinuantes. Em seguida, e como era de se prever, o inevitável aconteceu e o processo acabou sendo enviado para a Corregedoria, ali na Conde de Sarzedas 45l, terceiro andar, sala 8, falar com o senhor Taborda, um cavalheiro nem gordo nem magro, aí pelos 50 anos, portando guarda-chuvas (chovia muito, daí o guarda- chuva estar no plural), de óculos com aro de tartaruga e padecente de azia crônica. Mas boa pessoa. A nave deixou a galáxia, atravessando antes os anéis de Saturno os brincos de Plutão, os colares de Vênus e os braceletes de Marte. Todos muito elegantes e gentis, embora extremamente formais. O Taborda era muito gostado na repartição. Todos diziam que era demais de simples e conversava com todo mundo. Agora, nada de intimidades, tapinhas nas costas, cotoveladas amistosas, cutucões na barriga essas coisas. Isso não !!!!, bradava Taborda entre um e outro gole da branquinha da fazenda do coronel Chicão. Azedo, muito azedo, estava o suco. Também, bradou a Neuminha, o imbecil do Maykhon comprou laranjas verdes !!! A partir daí ninguém mais se entendeu esquecendo completamente o japonês que estava lá fora com o seu caminhão e suas cebolas encharcadas pelas águas de março que cumpriam sua rotina de fechar o verão. Noves fora, nada. É o que você pensa cabra safado. Em minha casa você não entra mais não, e muito menos com esse terno de brim amarelo e esse pandeiro desafinado em ré sustenido menor. Não me ofenda. Dona Engrácia, silenciosa e paciente, continuava repicando os sinos da Catedral de Notre Dame de Paris. Nascida em Muzambinho, nas Minas Gerais, mudou-se para Três Corações e lá viveu até ser transferida, a pedidos, pelo senhor secretário. Uma lástima. A partir daí dona Engrácia nunca chegou a entender bem tudo o que se passava e, pelo-sim-pelo-não, nas horas vagas freqüentava os botecos da rive gauche enquanto rezava o terço e metodicamente sorvia seu absinto de todos os dias. Santa senhora, a dona Engrácia. Sua canonização é tida como certa e nos corredores e ante-salas da Santa Sé não se fala noutra coisa. O decreto papal deve sair no Diário Oficial do Vaticano por estes dias. Louve-se, no entanto, o alto espírito público de sua excelência o senhor Secretário Adjunto Carimbador Interino Adido que, num rasgo de generosidade e descortino de como deve agir a autoridade nos momentos de crise, mandou distribuir um litro da melhor colônia Royal Briar (Um produto Elizabeth Arden – London – Paris and New York) para cada um dos habitantes de Manhuaçu, incluindo as duas zonas, a urbana e a rural. Na verdade, a rural estava inteirona, faltando apenas trocar os pneus e retificar o motor. Mas mesmo assim todos aplaudiram e, imediatamente, passaram a correr listas para levantar fundos e frentes destinados a erguer uma estátua eqüestre em homenagem a sua altíssima excelência. Sem o cavalo, pra ficar mais em conta. E não era pra menos, tal a penúria da pobre e desditosa empresa. Pobrema deles, disse o Barcelos. E assim foi feito, para espanto e alegria de todos os povos e gentes. Falta de juízo. Respeito é bom e eu gosto. É o que você acha e há gosto pra tudo. Óóóóólhaaa. Olha u quê, ô cara, ta me estranhando, é ? Rapadura é doce mas não é mole É a mãe. Deixa disso, guarda essa arma Zé. Num bata nele que eu conheço ele. Esse cabra dizx que é valente purque bate sempre na sua muié. Sua, dele, muié, bem entendido. Não, não, num é isso que eu tava querendo dizê, óxent. A muié qui ele bate é a muié lá dele, taentendendo ? Bom. Também sou assim, esquentado. Ua veis, no forró de Sinhaninha em Caruaru, eu mais cumpadi Mane Bento matemo dois sordado quatro cabo e um sargento. Êita forró ajeitado. E assim, ao som desta característica musical saem do ar as ondas poderosas e sonorosas da sua Rádio Clube de Cambará, porometendo voltar ao ar amanhã no horário matinal com sua porogaramação sertaneja. Encerramos assim mais um dia de tarabalho e dedicação a vocês amigos ouvintes, que são a razão da nossa existência como entretenedores de toda esta vasta e generosa população norte-paranaense. Voltaremos amanhã com a mesma alegria e a mesma disposição se Deus assim o peremitir. E Ele há de querer, porque é amigo e, acima de tudo, é Pai. Boa Noite, Cambará, Boa Noite, Paranazão velho de guerra, Boa Noite, Barasil. Bom Dia Japão. É, porque quando é meia noite aqui é meio dia lá. Tchauzão.

( José Moralez )

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